2 de agosto de 2011

Subrepresentação das mulheres na política

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) as mulheres representam 51,77% do eleitorado brasileiro. Mas infelizmente, mesmo sendo maioria da população e do eleitorado, em relação a atuação político-partidária, nós mulheres estamos subrepresentadas.
A desigualdade de gênero se reflete fortemente na política e desta forma o Brasil ocupa a 108ª posição em relação a participação de mulheres nos parlamentos, entre 186 países, conforme dados da União Interparlamentar de março de 2010.
Mesmo com a política de cotas vigente no Brasil desde 1995 a subrepresentação não foi alterada. Dados atuais estimam que as mulheres ocupam aproximadamente apenas 9% dos cargos políticos.
Para que esta situação se modifique são necessárias mudanças urgentes. A Reforma Política que está sendo debatida atualmente no Congresso deve conter medidas que façam com que as mulheres tenham realmente condições de serem eleitas, mas nós mulheres não devemos ter grandes ilusões milagrosas, pois quem votará estas mudanças será a grande maioria masculina que lá está.
Entre as políticas que podem melhorar um pouco esta questão da subrepresentação é necessário que a política de cotas seja aplicada verdadeiramente; pois a não obediência a cota mínima de 30% das vagas para as mulheres não gera nenhuma multa ou punição para os partidos.
É importante que o financiamento público de campanha seja aprovado, já que a maioria dos investidores das campanhas políticas são comprovadamente homens, que investem seus recursos financeiros em homens. Com o financiamento público das campanhas as mulheres teriam igualdade de condições financeiras com os homens, o que já seria um ótimo sinal.
É preciso ainda de uma mudança até cultural em relação a direção dos partidos, onde por causa desta de nossa cultura paternalista os homens são esmagadora maioria nos altos cargos dentro dos partidos políticos no Brasil.
Além de ter mais acesso aos altos cargos dentro dos partidos, as militantes também devem receber a mesma atenção e formação que hoje, em sua grande maioria, é direcionada apenas aos homens.
A mulher conquistou seu direito ao voto relativamente a pouquíssimos anos e as estudiosas das diferenças de gênero não são nada otimistas e não esperam que a questão da subrepresentação mudará rapidamente, mas é uma questão que deve receber o empenho, a garra e o suor das mulheres que sonham com uma situação diferente para o papel da mulher na política, mas que também podem e devem, receber também o apoio dos homens favoráveis a participação da mulher na política e dos homens que querem também agradar a maioria do eleitorado brasileiro – o das mulheres.