A
baixa proporção de mulheres ocupando cadeiras no Congresso Nacional foi
motivo de cobrança dos peritos que fazem parte do Comitê das Nações
Unidas para Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a
Mulher (Comitê Cedaw). Os questionamentos ocorreram durante a
apresentação do relatório produzido por organizações da sociedade civil
brasileiras, em Genebra.
Apesar de o Brasil ter mulheres em
pontos-chave da administração federal, a começar pela presidenta da
República, Dilma Rousseff, e das dez ministras que fazem parte de seu
governo, a atual bancada feminina na Câmara Federal representa apenas
8,77% do total da Casa, com 45 deputadas. No Senado, há 12 senadoras,
dentre os 81 lugares.
De acordo com a representante do Brasil nos
organismos internacionais em Genebra, embaixadora Maria Nazaré Farani,
que acompanhou a apresentação do relatório, é preciso reconhecer que,
nesse tema, o Brasil não conseguiu avançar muito. "Temos uma mulher como
presidenta da República, temos duas mulheres ocupando as
vice-presidências do Senado e da Câmara, mas o número de deputadas e
senadoras é muito baixo, apesar de as mulheres serem maioria da
população."
- Pode-se avaliar que conseguimos um avanço em
termos qualitativos, mas não em termos quantitativos, que também é
importante para aumentar a representação política das mulheres -
considerou a embaixadora.
O relatório foi apresentado pela
ministra da Secretaria de Políticas para Mulheres, Eleonora Menicucci, a
23 peritos (22 mulheres e um homem) que fazem parte do comitê. É o
sétimo relatório apresentado pelo Brasil.
De acordo com a
embaixadora, outro questionamento feito pelo comitê, refere-se à
implementação efetiva das políticas voltadas para as mulheres. "Há um
sentimento de que o Brasil conseguiu formar políticas públicas durante
todo esse tempo de diálogo com organismos internacionais. A preocupação
maior agora é de que essas políticas realmente funcionem. Que cheguem
até as mulheres mais pobres e as que precisam de ajuda", informou a
embaixadora.
Um exemplo debatido na primeira parte da
apresentação do relatório foi a efetiva implementação da Lei Maria da
Penha, que depende de equipamentos públicos como casas-abrigo,
delegacias equipadas, além de profissionais capacitados para lidar com a
questão da mulher. O relatório apontou a recente decisão do Supremo
Tribunal Federal (STF) que colocou no âmbito público a decisão de abrir
processo em caso de violência doméstica e de gênero. "Essa foi uma
decisão histórica que fará com que a Lei Maria da Penha seja realmente
colocada em prática", comentou a embaixadora.
Fonte: http://diariodovale.uol.com.br/noticias/7,53129,Precisa%20se%20de%20mais%20mulheres%20na%20politica.html#axzz1nEhZpQix