As mulheres querem entender os efeitos que as novas decisões dos
governos de todo o mundo terão no seu dia a dia e também pretendem
apresentar as alternativas que estão sendo construídas em contraponto a
esse modelo. Esse é o posicionamento que será levado pelas organizações
representativas das mulheres na Cúpula dos Povos, evento que ocorrerá em
junho, no Rio de Janeiro, paralelamente à Conferência das Nações Unidas
sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.
“Queremos dizer que nós, enquanto mulheres, estamos no centro da
produção e da reprodução da vida. Temos que encontrar a maneira de
garantir que esse centro seja fundamental e não a ganância e o consumo,
que caracterizam o centro atual [de produção]”, disse à Agência Brasil
Sandra Morán, da Marcha Mundial das Mulheres na Guatemala.
Sandra é uma das representantes de organizações internacionais de 20
países que estão definindo, no Comitê Facilitador Internacional da
Sociedade Civil, a metodologia e sistemática dos debates da Cúpula dos
Povos, na Rio+20.
As organizações levarão para a cúpula as experiências da Guatemala
entre os povos indígenas e também as de outros países. “Queremos
encontrar uma forma de mostrar que esse pensamento faz parte, agora, do
mundo”. Sandra lamentou que o enfoque da conferência oficial da Rio+20
não seja esse e avaliou que o enfoque dado pelas Nações Unidas ao evento
reforça um sistema que, para ela, “produz mais mortes do que vida”.
A Cúpula dos Povos será justamente o espaço para dar voz aos povos do
mundo inteiro. “Que [a Cúpula] reconheça a voz das mulheres, para que
nós nos articulemos e tenhamos a voz de quem faz a vida, desde as
comunidades menores até a esfera global. Esse é o enfoque da Cúpula dos
Povos: que tenha voz própria e articulação diante das propostas que os
governos estão fazendo e que, não necessariamente, contemplam ações em
benefícios dos povos”.
Na visão da representante da Marcha Mundial das Mulheres, os governos
discutem como fortalecer o capital e não como promover o
desenvolvimento sustentável e a vida no planeta. Também não está em
pauta, por parte dos países, segundo Sandra, como enfrentar os desafios
que as mudanças, inclusive climáticas, acarretam para todos os seres do
planeta.
Reportagem de Alana Gandra, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 21/03/2012
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Fonte: http://www.ecodebate.com.br/2012/03/21/mulheres-querem-mais-participacao-e-voz-ativa-nos-debates-da-rio20-sobre-o-futuro-do-planeta/