27 de março de 2012

Mulheres comandam 16,6% das prefeituras do Triangulo e Alto Paranaíba

O “sexo frágil” está conquistando, pouco a pouco, o poder à frente das prefeituras brasileiras. Nesse contexto, a mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba se destaca no cenário nacional com 11 das 66 prefeituras chefiadas por mulheres, atualmente, o que representa 16,6% do total.

Enquanto isso, no Brasil, dos 5.513 municípios, 503 estão sob o comando feminino, ou seja, 9,1%. O número de prefeitas aumentou 70,1% no país, nos últimos 12 anos, segundo a Confederação Nacional de Municípios (CNM). Em 2002, havia no Brasil 328 mulheres à frente de municípios. Em 2008, esse número chegou a 560. Segundo o levantamento, a média nacional subiu de 5,9% para 10,1% nesse período.

A prefeita Maria Cecília Marchi Borges (PR), de Frutal, no Triângulo Mineiro, é um exemplo dessa ascensão feminina aos poderes municipais. Eleita em 2004, com 11.195 votos, Ciça como é chamada pelos seus conterrâneos, foi reconduzida ao posto em 2008 com uma votação ainda mais expressiva, 16.496 votos. O segredo desse sucesso, segundo ela, é muita lisura e trabalho.

Como em Frutal, outras dez prefeituras da mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba também são chefiadas por mulheres. Patos de Minas, com Maria Beatriz Savassi (DEM), e Santa Rosa da Serra, com Cleide Maria Ferreira Rangel (PTC), são outros exemplos. Béia Savassi, como é conhecida a prefeita patense, ocupa o cargo de chefe do Executivo na maior cidade do Alto Paranaíba e Cleide ‘Dentista’ foi eleita em setembro de 2010 para o mandato-tampão depois que as eleições 2008 foram canceladas por fraudes e corrupção. Em comum, entre as duas, é que, durante as suas campanhas eleitorais, elas ouviram de alguns eleitores, tanto homens como mulheres, que se eleitas só iriam servir para enfeitar as prefeituras, mas quem mandaria de fato seriam os seus respectivos maridos. Nos dois casos, ambas superaram as desconfianças e estão fazendo um bom governo, segundo avaliação popular.

Eleitas superam a desconfiança

Além de Frutal, Patos de Minas e Santa Rosa da Serra, os outros municípios administrados por mulheres na Mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba são Abadia dos Dourados, Capinópolis, Carneirinho, Conquista, Coromandel, Delta, Gurinhatã e Itapagipe.
“Na época da campanha, ouvia nas ruas que eu iria somente enfeitar a prefeitura que não conseguiria tocar obras e buscar investimentos. Pelo menos aqui (Patos de Minas), mulher vota em mulher. Hoje escuto de homens que a administração da cidade segue bem. É uma vitória para mim”, afirmou Béia Savassi.
Béia garante que comanda a cidade com mão de ferro e olhar de águia. “Saio nas ruas todos os dias conferindo as frentes de trabalho, recebe investidores, políticos e povo nos cinco dias da semana. Nos fins de semana, vou aos distritos na zona rural. Vigio tudo de perto.”
De acordo com a secretária da Fazenda de Minas Gerais, Patos de Minas está entre as 20 maiores cidades em arrecadação geral de tributos do Estado e a 11ª maior cidade de Minas Gerais em população, com 139.848 habitantes. Em 2008, a cidade elegeu a primeira prefeita: Maria Beatriz de Castro Alves Savassi (DEM), ou Béia Savassi, que recebeu 37.288 votos superando em 5.500 votos o segundo colocado.
Outros exemplo da força do “batom” é Cleide Maria Ferreira Rangel, a Cleide Dentista (PTC), que cumpre um ano e cinco meses de mandato. Ela enfrentou um momento conturbado para ser eleita prefeita da pequena Santa Rosa da Serra (Alto Paranaíba), conquistando 991 votos (40,97% dos válidos) na eleição extemporânea em setembro de 2010.
A eleição de Cleide só aconteceu porque o Tribunal Regional Eleitoral (TRE/MG) confirmou a cassação do prefeito e do vice-prefeito Walter Pereira da Silva (PSB) e Orivaldo José da Silva por abuso de poder econômico nas eleições de 2008.

Mineiras também mostram força

Dos 503 municípios brasileiros administrados por mulheres, 61 são mineiros, 7,2% de um total de 853. Minas é o Estado da federação com maior número de prefeitas – 61 contra 792 homens no poder em outros municípios.

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, as mulheres representaram mais de 9% dos prefeitos eleitos em 2008.  Em 2004, o porcentual de prefeitas foi de 7,32%, contra 5,32% registrado no pleito de 2000. O cientista político Leonardo Barbosa, da Universidade Federal de Uberlândia, diz que mudanças de representatividade das mulheres no mundo político ainda é lenta. “A escolha de Dilma Rousseff para comando na Nação é um sinal de mudança. Mas é um processo lento, porque as mulheres sofrem preconceitos dentro dos partidos. Elas não podem contar com a solidariedade masculina nesta área”, afirmou.

Microrregião do Triângulo e Alto Paranaiba

Abadia dos Dourados – Cátia Maria de Aguiar Mendes (DEM)
Capinópolis – Dinair Maria Pereira Issac (DEM)
Carneirinho – Dalva Maria de Queiroz Tiago (PMDB)
Conquista – Vera Lúcia Guardieiro (PV)
Coromandel – Dione Maria Peres (PMDB)
Delta – Lauzita Resende da Costa* (PMN)
Frutal – Maria Cecília Marchi Borges (PR)
Gurinhatã – Maria Cecília S.de Freitas (PP)
Itapagipe – Benice Maia (PSDB)
Patos de Minas – Maria Beatriz C. A. Savassi (DEM)
Santa Rosa da Serra – Cleide Maria Ferreira Rangel** (PTC)
(*) Foi eleita vice de José Eustáquio da Silva que morreu em julho de 2009
(**) Na eleição extemporânea de setembro de 2010 foi eleita prefeita

Fonte: http://www.correiodeuberlandia.com.br/